Janeiro não foi tão cruel, fevereiro foi de lascar. Voltar de Mury e sentir o calor pegajoso e entorpecente foi um direto na cara.
Sobrevive-se e é possível que o outono chegue. Oficialmente faltam umas três semanas. Mas ontem choveu um bocado e o ar hoje já era tão mais fresco que dá para ver mesmo que, ao levantar as grossas cortinas do verão, ele já se faz sentir.
Pergunte a dez fãs do Harmonium a música preferida do Si On Avait Besoin D'Une Cinquième Saison (1975) e os dez responderão "Histoires Sans Paroles", o encerramento épico e majestoso da obra-prima. É a tal da quinta estação, é a terceira margem, para as quais não haverá muitas palavras ::: sans paroles.
Eu concordo. Aliás, tenho um amor tão grande por essa música que só de escrever agora fico arrepiado ao lembrar do ritual que tinha: por anos a primeira música que eu ouvia ao retornar das viagens.
Mas minha música preferida é a do outono: "Depuis L'Automne".
Perdoem a pieguice, mas não tenho palavras. As words fail me, deixem-me usar algumas de minha amiga Cordelia: "I cannot heave / my heart into my mouth". Ou apenas: "Love, and be silent".
Mas, tá, digo apenas que a música extraordinária, um paraíso para quem ama mellotron, começa a chover em 8:25. Com Dante: "Piovve dentro all'alta fantasia". E aí o Serge Fiore canta rindo.
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