São dois os túmulos sobre os quais sempre desejei repousar uma flor: o de Prokofiev, que não teve flor alguma no dia de sua morte por esta ter sido no mesmo dia da do odioso Stálin, de modo que todas, TODAS, as flores da então União Soviética foram direcionadas para ele, e o de Nick Drake.
Ainda não fui à Rússia, mas estive agora em Tanworth-in-Arden
A visita ao túmulo e à vilazinha de Nick não é das mais fáceis, o que empresta contornos de peregrinação e deixa tudo mais bonito: de Stratford-upon-Avon trem para Danzey, sendo necessário avisar ao Sr. Maquinista que vamos descer ali, pois não é parada usual. Descidos em Danzey, que nem povoado é, antes punhado de casas espaçadas, sobe-se coisa de um quilômetro para se chegar a Tanworth. Isto num janeiro inglês
Mas era sábado e fazia sol, claro, para que pudéssemos entrar na cidadezinha ouvindo 'Saturday Sun'. Uma emoção indescritível
De mãos vazias -- sem flores!, tivemos que colher frutinhas de um arbusto e depois flores de um túmulo vizinho -- chegamos ao velho e evocativo cemitério de Santa Maria Madalena, onde Nick descansa ao lado de seus pais
E assim prestamos nossa homenagem ao burmês com voz de anjo. Não sentimos tristeza. Ouvimos suas canções e tiramos fotos, sob o imenso carvalho (não é fruit tree, mas como se fora) que protege a tão simples sepultura. No verso da lápide, os versos Now we rise / And we are everywhere, da última música de seu último álbum. Amamos. Nada houve de fúnebre e nem mesmo, repito, de pesar, que só fui sentir, duramente, no avião de volta, lendo o diário de Rodney, seu amoroso pai.
Uma emoção indescritível
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