Sunday, August 04, 2019

A Cachaça De Jambu e sua íntima relação com o Deep Purple





Quase tão ubíqua quanto o açaí, o filhote, o tucupi e a farinha bragantina, a cachaça de jambu só recebe atenções redobradas ali onde nasceu, no Bar Meu Garoto, coração da Cidade Velha de Belém, de propriedade de Leodoro Porto, que a concebeu durante um almoço (pato no tucupi e cachaça) na época do Círio. Ocorre que o pato de Leodoro estava bastante carregado no jambu, o que o fez pensar numa bebida com tal combinação: a força da pinga aliada à dormência do jambu. Ou vice-versa: a dormência da pinga aliada à força do jambu, de tal modos mestiçados que se pudesse mesmo falar na força do jambu aliada à dormência da cachaça.

Passado um período de intensa experimentação -- eram os clientes do Meu Garoto as cobaias felizes --, Leodoro chegou à cachaça de jambu, que, tecnicamente falando, MAPAs e burocracias, sequer pode ser denominada assim, de vez que não é "cachaça de jambu". Ficou "bebida alcoólica mista", com graduação alcoólica de 38%, o mínimo exigido para uma cachaça. Leo a faz assim, mais 'fraca', para equilibrar com a porrada que já é o jambu. Ficam todos felizes. E fortes e dormentes.

Hoje produzem versões com aquelas delícias paraenses, como o cupuaçu e o açaí, bem como uma outra, mais forte, destinada exclusivamente à cozinha, mas que muitos pinguços ingerem longe do fogão.

Com o sucesso, Leo Porto colocou-se no centro do Panteão dos grandes inventores, entre Newton e Pemberton, Da Vinci e Descartes.

Sendo difícil explicar uma sensação, tentemos: a invenção de Leodoro Porto é como aquela introdução de órgão do Jon Lord em "Speed King" (0:43 a 1:30), quando tudo e todos parecem suspensos num mundo mais ameno.



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