Minha ida à Terra Indígena Pankararu coincidiu com o Acampamento Terra Livre, em Brasília, de modo que eu já sabia de antemão que não encontraria as lideranças, como a Bia Pankararu com quem vinha conversando.
Seria bom ter encontrado a Bia e outros, mas conheci o grande lindo espaço, verde cercado de serras, e só poderia ser assim, que Tacaratu, município onde se encontram as aldeias, quer dizer "serra de muitas cabeças".
Os Pankararu, como outros, são os indígenas silenciados dos livros que tratam do glorioso Ciclo do Gado: a galera querendo mais e mais espaço para as pastagens e enxotando, quando não escravizando ou francamente dizimando, a população nativa para as terras menos produtivas. Ali, onde hoje estão, foram como que encurralados os Pankararu, os Umaús, Vouvêa e Geiticó. É possível que essa união forçada tenha dado cabo da sua língua nativa. A única etnia indígena pernambucana que manteve o próprio idioma são os Fulni-ô, de Águas Belas, que falam o yatê.
Hoje são os Pankararu que habitam diversas aldeias na T.I, sendo a Brejo dos Padres a mais conhecida e a que visitei. Levou-me um índio, de moto, eu apavorado subindo e descendo na garupa as ladeiras íngremes de terra e barro.
Não conheci as lideranças, não pude assistir a um ritual (geralmente aos domingos), mas conheci Danielle e Maísa, conheci Euclides, velhinho, sozinho em sua casa. Conheci a loiceira Vilma Lisete e seu filho Douglas, vestibulando que quer cursar gastronomia em Salvador. Vi um índio muito sério pitando em seu kampiô. Vi uma Pankararu, muito menos séria, com igual kampiô. Conheci os meninos Jadson e Renan que brincavam de.... praiá! Um dos rituais dos Pankararu.
Voltei na garupa do mesmo paciente e cauteloso motociclista, já sem pavor, abri os braços, acenando para todos, piá.
Voltei a tempo de uma cerveja sob as mesmas árvores cheias pesadas de pardais que eu vira às 5 da manhã (aqui). E eles continuavam ali.
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