Friday, April 08, 2016

Comendo o pato da FIESP



Adegão Português sempre foi daqueles proibitivos para mim, daqueles que eu só iria se descobrisse que tinha apenas uma semana de vida. Toc-toc-toc.

Mas as pesquisas apaixonadas pelo Nilton Bravo levaram-me a ele (ver aqui), quando então descobri que a galera caiu na real e ao menos lançou pratos executivos e coisas do tipo, com preços para mortais, em que se incluem artistas, professores, poetas e trabalhadores em geral. Aí eu provei dos bolinhos de bacalhau. Depois voltei com a moça e caí no arroz de pato. Glória das glórias. Ou o sabor nasceu aqui, no arroz de pato do Adegão Português, ou ali foi aprisionado para sempre.

Daí cismamos, Camila e eu, com o pato.  Em seu Afrodite, Isabel Allende já adverte que "em geral ficamos com medo quando cozinhamos pato, porque é comum ele ficar duro como borracha ou boiando em sua própria gordura", mas conclui que sua receita "pode ser servida como único prato para dois apaixonados com bom apetite, dispostos a saboreá-lo lentamente e a repor as forças mais tarde, com as sobras".

Animamos e compramo-lo inteiro, peça inteiriça, quase ou mais que um peru de Natal. A moça do CADEG deu tantas dicas falava tanto que teve hora que a gente desligou e só assimilou uma coisinha ou outra. Mas o que assimilamos valeu, tipo: rende pelo menos duas refeições, cousa que, de resto, Allende já ensinara.

Na sexta fizemos o filé de peito assado. No domingo metemos a mão no penado e destrinchamos até o que foi possível. Chupei os ossos como um buldogue. Se a princípio aquele monte de carne desfiada sabia à galinha, o resultado final, se não foi adegão português, foi mais do que satisfatório: o arroz de pato rendeu muito e ficou aromático e delicioso. Faltou só a linguicinha.







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