Saturday, January 23, 2016

Azulejaria Popular ::: Os Paineis de Santos dos Irmãos Igrejas


Méier


Na primeira postagem que fiz acerca da azulejaria popular dos Irmãos Igrejas (aqui), lembrei que Manoel e António não tinham por hábito assinar os pequenos paineis compostos por quatro azulejos, quase sempre dispostos como losangos, então implantados na platibanda da casa.

Arrisco duas explicações: a pequena dimensão da obra e o fato de talvez eles não enxergarem ali algo realmente artístico, autoral. Com efeito, a produção era grande: em depoimento de 1990 calculavam já terem executado para mais de 30 mil dessas peças desde a chegada ao Brasil, o que dá, roughly, média de quase duas peças (duas peças de quatro azulejos!) por dia!

Não é pouco.

Dia desses, no entanto, encontrei linda Nossa Senhora Aparecida (em pessoa) no Méier em um painel onde meus olhos míopes juram ver a assinatura de um Felix Igrejas. Ressalte-se que o painel é composto por nove peças.

Parece então que só assinavam paineis de santos quando estes eram maiores que os quatro habituais (caso da Aparecida do Méier e do São Jorge de Campo Grande), mas isso está longe de ser regra, haja vista o São Sebastião, a Nossa Senhora da Penha, a de Fátima, o São Jerônimo, dentre outros, exemplificados aqui. Mas como, então, posso afirmar que esses paineis são de autoria dos Igrejas, mais provavelmente do António? Simples: pela sua característica moldura fitomórfica alaranjada.

A moldura, portanto, fazendo as vezes de assinatura. Hipótese interessante.

Honório Gurgel

Penha



Penha

Olaria

Olaria

Ramos


Campo Grande (assinado) Foto de Flavio Paschoal

Brás de Pina (assinado)



A característica moldura em painel secular de Ramos

2 comments:

Ivo Korytowski said...

Adoro isso! Uma observação: empena é uma parede lateral, esses painéis estão na platibanda ou então na própria fachada. Abraço (nesta época de calor ou chuva estou em recesso fotográfico), Ivo

A VIDA NUMA GOA said...

Correção feita, Ivo. Obrigado!