Meu pai é o maior leitor que já conheci, à frente de todos os professores que tive, somados. Durante meu mestrado, enquanto meu orientador me indicava xerox de textos, ele me indicava livros, que o Sr. professor doutor orientador desconhecia. Meu pai é leitor onívoro e voraz. Acho que suas preferências são história, psicologia, espiritismo, literatura, budismo, artes, crítica literária, teosofia, biografia. Nunca foi um grande leitor de poesia, mas gosta de Pessoa e Bandeira. Quando um autor cai nas suas graças, faz a coleção. Não gosta de 'coisa difícil', de modo que nunca fez a coleção de Rosa ou Conrad. Com ele aprendi, desde pequeno, a "correr os sebos". Em viagem de férias a Natal, comprou 74 livros nos sebos de lá. Isso, um sujeito vai veranear na esquina do Brasil e volta com 74 livros. E não por serem os sebos natalenses especiais. Sempre comprou mais do que podia ler, outra coisa que herdei. Vítima de médicos carniceiros e barbeiros e, em menor parcela, do tempo (senectus ipsa morbus est, gosta de citar), hoje caminha com grandes dificuldades, de modo que já não pode correr os sebos. Apresentei-lhe descrente à Estante Virtual. Amou.
No Dia dos Pais presenteei-lhe com Homem Comum, do Philip Roth (de quem bloguei aqui). Devido aos nossos horários apertados, almoçamos frugalmente em casa pasteis de tilápia com cerveja.
Já no Rio recebo a mensagem pelo whatsapp às 19:05: "O livro veio na hora certa me induzindo a muitas reflexões sobre a minha velhice".
Ele já tinha terminado a leitura.
1 comment:
"Quando um autor cai nas suas graças, faz a coleção". Oh, sim, isso era a cara do meu pai, como você disse no Facebook.
Evandro, aproveite muito a companhia de seu pai.
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