Faço analogias estapafúrdias que pouco têm de sofisticadas. Au contraire, amiúde sou enlaçado pela superfície dos nomes. Que posso fazer? Tudo que tem nome me atrai.
Tendo descoberta dia desses com meu irmão um botequim minúsculo chamado Reno (com cobogós), em galeria no Flamengo que liga a Tamandaré à Machado de Assis e estando nós em maio, não pude senão lembrar-me dos poemas de Apollinaire "Noite renana" e "Maio", os dois primeiros da seção "Reno" de seu célebre Álcoois.
Guillaume Apollinaire (1880-1918), aquele que ao ouvir "Morte a Guilherme!" contra ao imperados da Alemanha em 1918, julgou, em seus delíriuos, que era a ele que queriam! Apollinaire, que tão bem demarcou sua época com: "Homens do futuro não me esqueceis / Eu vivi no fim do tempo dos reis."
MAIO
Maio o belo maio de barco sobre o Reno
Damas olhavam do alto da montanha
Vocês são tão lindas mas o barco se afasta sereno
NOITE RENANA
Meu copo é cheio de um vinho que treme como chama
Escutem a canção lenta do bateleiro que chama
E conta ter visto sob a lua sete mulheres até
Torcendo os cabelos verdes e longos até o pé
(...)
O Reno o Reno é bêbado onde a vinha se mira
Todo o ouro das noites tremendo lá se admira
A voz canta sempre até que morrerão
Estas fadas de cabelo verde que encantam o verão
1 comment:
Estou criando um vício (bom?): o de olhar o blog com constância novamente. Que bom casamento esse de botequim com poesia, ainda mais quando o botequim é um velho conhecido. Morei por curtos 15 anos naquela área (5 na Dois de Dezembro e 10 na Bento Lisboa) e conheço esse caminho (e o botequim, claro) que leva de uma rua à outra. Sempre quis morar na Machado de Assis, só pra falar para os alunos que morava na rua Machado de Assis (segundo grande parte deles,a minha melhor aula é a respeito do venerável bruxo do Cosme Velho rsrs - cá entre nós, talvez seja mesmo - uma vez dei uma "aula" a respeito de Machado ao Boucinhas em uma carona que lhe dei - ele elogiou rsrs). Kisses, Ev.
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