Sunday, March 14, 2021

Um Soneto de Pete Townshend

Estou chegando à metade do primeiro romance de Pete Townshend, lançado em 2019, The Age of Anxiety, depois de Auden e Bernstein, of course. E olha que a pandemia não começara. Profético.

Estou chegando à metade e encontro um... soneto! Bem, escrito por Pete? Claro que sim, mas, na "economia do romance", como gostava de dizer um professor, escrito por Siobhan (em irlandês esse 'bh' se pronuncia /v/), então mulher do seu afilhado querido, Walter. 

Este afilhado tinha uma banda de rock que tocava num único pub. Faziam relativo sucesso, tanto que Walter recebeu proposta de vender seu catálogo e ter uma música usada num comercial de carro. Ele ficaria rico. E ficou. Sua mulher, porém, sempre desdenhou a banda e todo seu trabalho, achando que ele deveria usar seu talento para escrever poemas e não canções para vender carros. Ah, e poemas para ela.

Na noite do seu último show, que é quando ele recebe a proposta, ela sai de cena e vai para uma casa no campo, onde escreve o soneto. A estratégia era chamar sua atenção -- ela jogou alto e fracassou. Na mesma noite, ele se apaixona por uma amiga em comum, Floss, e abandona a carreira musical e a mulher.

Mas ela escreveu o soneto na esperança.

 

I hoped for Shelley, Byron in your pen
    I longed for you to rise to meet your star
    The songs you wrote moved drinks across the bar
Why would you waste fine words on drunken men?
And wasting once, go on to to waste again?
    No sonnet to Siobhan, how could you mar
    Our love with elegies to some fast car?
For money? What can those in love dare spend?
You've sold your talent; then your soul is sold.
    You've championed commerce -- why? So you'll be 'free`?
    I love you, and I'll always tightly hold
The hope that one day you might dream with me
    To Waterford! I'm gone! I'll take my heart.
I can't stand by and watch you lose your art.  
 
 

O narrador afirma que ela usou o esquema de rimas do soneto italiano, um erro, já que ele é formado por três quartetos e um dístico, para além de ser monostrófico. Informa também que ela pretendia lançar livro de sonetos (!), já que "they were becoming popular again".

Ah, a minha edição é autografada pelo Pete! Quem sabe não consigo também um autógrafo da Siobhan? =)



No comments: