Aconteceu em Atenas, janeiro de 2014: saí com a recém-comprada camisa do Olympiakos para logo descobrir-me em área totalmente dominada pelos torcedores rivais do Panathinaikos. O registro da aventura está aqui.
Agora foi andar com camisa do Lula, Lula Livre (e no verso 'Eu avisei') pelas ruas de Curitiba. Nem foi planejado. Fomos à Vigília e, de lá, ao centro e ao Museu Oscar Niemeyer. A ideia era trocar a camisa, mas resolvi mantê-la, não sem cautela. Ao meu lado Pampi ia de "Ninguém solta a mãe de ninguém".
No Sebo Ideal funcionária se dirige a mim: 'Gostei da camisa' e me sinto subitamente fortalecido. Ao procurar um painel azulejar em área de imigrantes ucranianos, percebo moças, no banco traseiro de um carro, acenando felizes para mim e garanto que não era flerte, que eu estava (muito) bem acompanhado. Ou era flerte sim, mas com aquele outro barbudo estampado na camisa.
Na fila do Oscar Niemeyer as reações são mais efusivas: uma senhora se anima e começa conversa e em seguida um grupo pede para tirar fotos conosco. Sentimo-nos de volta à Índia.
Em seguida um restaurante e depois, na calçada do Cine Passeio, dois jovens se dirigiram a nós com os "É isso aí, ninguém solta a mão" e coisas do gênero.
Por óbvio que houve também olhares perplexos, não propriamente coléricos, mas que não se materializaram em palavras.
Mas o saldo foi muito positivo, mesmo porque há sempre certo efeito de irradiação, de encorajamento.
2 comments:
Que coisa boa ler seu relato, Evandro! Tb sinto muito isto, nas vezes em que ando devidamente empetralhada e lulada: embora sempre ocorra algum tipo de agressão (e imagino, nesse sentido, que faça diferença ser vista como uma mulher sozinha e não como um homem muito bem acompanhado), por outro lado tb sempre ocorre um clima de súbita camaradagem e mesmo uma doçura imprevista junto a pessoas que nunca vimos antes. E aí é bem bonito, sim, e tb muito revelador: as agressões me parecem muito automatizadas e impessoais, enquanto que os sorrisos são justamente um momento de reconhecimento (mesmo que discreto) e de olhos nos olhos. Né não?
Obrigado, Cris, pelas palavras gentis. E, sim, não tenho um dedo de dúvida de que uma mulher sozinha está dez vezes mais sujeita a hostilidades. Por isso, minha admiração em dobro. Digo, em dez vezes mais.
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