Monday, March 18, 2019

Crônicas Amazônicas IV : Que livro levar


Que livro levar para Manaus e para a selva, para o tempo que sobra entre um tambaqui e outro, entre um lago e um igapó, entre pesca de piranha e sesta na rede, entre a rede e o tambaqui, igapó e sinuca, entre Novo Airão e o Tupana?

Pensei em A Mata Submersa, de Peregrino Júnior, mas fiz bem em deixá-lo no Grajaú: textos que pesam a mão no regionalismo e não transcendem o causo. Interessantes, ainda.

Levei foi o Dalcídio Jurandir, que li muito tão logo o descobri, isso no começo dos 90.

Que reencontro.  

"Mas adeus? Adeus nesta perneira rangendo até o pescoço? Adeus? Despedir-me dos fantasmas que me habitam? Ah nem bateu as sete e meia e já neste sol suando feito um recruta no rumo do quartel, ou atrás da oculta e renegada Luciana? Adeus? O raio também vai me abrindo um caminho, não na rua, nuvem ou rio, mas em mim mesmo, neste verdoengo e secreto ser que sou."

"O que restou deles dois boi pisou, cobriu com a sua obra verde, logo dura no sol? Não mais aquela nem a de agora, e esta, aonde? Tornarem-se amigos, como se ensina o modo? Amantes? Amantes de tal pegadio só por força do Guajará, o lago que faz soar coisas no fundo, puxa por baixo o mar de longe, aí sempre os dois amantes, dos dois dobrado o encanto." 

Minha edição de 'Primeira Manhã' tem o autógrafo ao Valdemar Cavalcanti, poucos dias antes de eu nascer

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