Saturday, April 14, 2018

Vai em cará? :: Comida di Buteco 2018



Em nosso primeiro dia de Comida di Buteco 2018 batemos os costados no simpático Duque, em Botafogo, desconhecido para nós até então. Lá esperava-nos um tartar de carne de sol com manteiga de garrafa e chips de cará.

O cará lembra muito o inhame -- Pero Vaz de Caminha confundiu-os -- só que, ao contrário deste, é grande e imberbe, quase pornográfico. Em sua Descrição curiosa das principais produções, rios e animais do Brasil, principalmente da capitania de Minas Gerais (a galera setecentista adorava esses títulos sintéticos), Joaquim José Lisboa cantou-o:

Temos o cará mimoso,
Temos raiz de mandioca,
Da qual se faz tapioca,
E temos o doce aipim

Me lembro dele cantado também em versos do pastoril profano de Pernambuco:

O-lê-lê-ô
Fandango sinhá
Batata cozida
Mingau de cará

O petisco estava original e delicioso. O chef nos contou que seu patrão brincou com a ideia 'Ah, como é cozinha de raiz, você vai usar uma...'. Witzelsucht. Aliás, a iguaria foi batizada "E aí, vai em cará?" Rarrarrá. Mais Witzelsucht. Camila quando viu o nome disse logo 'Ah, é tua cara', ao que repliquei 'Minha cara não, minha cara. Minha cará'.

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