Deus se esconde em muitos buraquinhos e nem sempre é sisudo ou soturno. Encontrei-o há anos no terceiro movimento da quinta sinfonia do Shostakovich. O movimento todo é bonito em seus treze minutos, mas Deus mesmo só uns quarenta segundos (ou mais se nas mãos de Previn ou menos se nas de Karajan) lá pelo sétimo minuto.
Curiosamente Deus é muito parecido em trecho da "Epitaph", do King Crimson. Dura 1 minuto.
O Velho Barbudo é radioso no quinto quarteto do Philip Glass. Não é o velho testamento aqui, tampouco o novo, é um ainda não escrito, ou que começou a sê-lo pelo Philip. Dura quase três minutos.
Tenho histórias interessantes com a quinta do Shostakovich. Fui assisti-la certa vez em Chicago, evento para o qual esperei com toda a ansiedade dos meus dezessete anos. Na hora H descobri que haviam mudado o programa e não iriam mais tocá-la. A mesmíssima coisa aconteceu alguns anos depois no nosso Municipal com uma orquestra russa: trocaram a quinta pela décima e só avisaram na hora mesmo quando ela iria começar. Só eu vaiei, do alto do poleiro, digo, galeria.
Se isso não é se esconder.
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