Egina |
Conhecer a Grécia é cousa complicada, voltar de lá ainda mais. Alguma vezes, no templo de Afaia, por exemplo, temi por minha volta. Temi que tudo me parecesse pequeno quando comparado. E eu que sempre gostei do pequeno, provam-no as milhares de fotos de botequins tiradas nos últimos quatro anos. Mas temi.
O que me ajudou a lidar com a sensação foi lembrar que no retorno eu teria as cigarras, ainda mais agora que eu voltara ao Grajaú.
Mesmo porque Platão já dissera em Fedra :: "quando o canto das Musas se fez ouvir pela primeira vez na terra, os homens ficaram tão perturbados que se puseram a imitá-las a ponto de esquecerem de comer e beber. De tal modo que morreram antes mesmo de se darem conta. E deles nasceu a espécie das cigarras."
Assim teria eu em meu retorno a Grécia na voz das cigarras, mensageiras das Musas.
Mas quando voltei as cigarras, todas elas, já haviam se emudecido, apesar do calor lancinante e do verão que gritava.
Continuo tirando fotos de botequins e do miúdo e despercebido.
E estranhamente ontem e hoje cigarras cantaram. Perturbadoramente é verdade, mas por pouco pouco tempo, o que é pena. Nem deu pra esquecer de comer e beber.
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