Foi César Aira quem recém falou que a literatura é o espaço da não-vaidade, algo do tipo, guardei o jornal por umas semanas depois deitei fora.
Acho que ele errou feio. Escritores, os artistas em geral, podem ser de uma vaidade bem desagradável e talvez eu esteja mais inclinado a concordar com o perfil que deles tece Cristóvão Tezza no conto "Beatriz e o escritor", em Beatriz (Record, 2011).
Na qualidade de escrevinhador, poeta-pateta, tenho lá as minhas vaidades, Eclesiastes que me entenda. Gosto de postar algo no blog e, zás! 15' depois, ver que umas 10 pessoas leram. Leram, apenas isso, demoraram-se um pouco ali, se gostaram já é outra coisa. Vanitas, claro.
Mas este ano tem sido especialmente produtivo para a poesia :::: nunca escrevi tanto. E resolvo amelhar três reações colhidas recentemente.
A Giu publica um poema meu em seu perfil, justificando que.... eu escrevia exatamente o que ela pensava / sentia. Sinceramente? Não consigo imaginar elogio maior. Pois isso que sempre senti / sinto com meus mestres / modelos de quem sou, desabridamente, fã e macaco de auditório. O poema em questão era um amargo, o "Do Lado de Cá".
A Ariadne, tão logo recebe um poema por sms (ela é, pobrezinha!, uma das minhas cobaias), não apenas responde ter gostado, como diz que... deu a ela vontade de escrever. Sinceramente? Não consigo imaginar elogio maior. Porque é isso que me faz mais escrever: ler. O poema em questão era o " 84 Charing Cross Road 84 Remake de 2012".
O Pedro, após também publicar meu soneto "Sapatos Floridos" em seu perfil no face, me manda uma mensagem:
"acabei de pegar uma delicadeza muito forte no seu poema, queria sabe se foi proposital. No trecho
"é possível; na área de serviço", o fonema da rima (viço) é invertido no início da frase "é p(oçiv)el". ficou um efeito espelhado bem bonito e sonoro, parabéns."
Embora ele pergunte se foi proposital, sinceramente? Não consigo imaginar elogio maior.
3 comments:
Perguntei, naturalmente, pois existem duas formas de se encontrar o equilíbrio estético. Algumas pessoas nascem com esse dom, e fazem esse tipo de coisa sem nem perceber: é um talento natural e dá vontade de mandar se... pq fazem tudo isso parecer muito fácil.
E outras pessoas, menos talentosas, estudam muito para conseguir fazer isso propositalmente. É um caminho duro, mas também proveitoso. E estou muito feliz de ver que sua poesia cresceu muito desde seu Taipa. (e eu sou seu fã desde então)
Abraços!
Ah, sim: naturalmente eu também faço parte do segundo grupo.
Oi, Pedro.
Acho que não faz muita diferença. Acho mesmo que o texto é parricida :: pontos para o Barthes.
Em vez de pensar numa "intenção do autor", prefiro pensar em intenções do texto, nas muitas que ele pode possibilitar.
Gosto também de pensar na criatividade e inteligência do leitor, enquanto participante deste jogo.
Um abraço!
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