Acordar com a certeza
em minha boca em minha
pele
não envelheceremos juntos
Planos são planos
Sonhos são sonhos
Canções, canções.
A realidade é esta serra
estridente
inusportável
a dilacerar esta manhã
agonizante em carne viva.
Esa serra
que contorce dedos
em ânsias assassinas
Mas esta serra
-- justiça seja --
sinaliza:
não envelhecermos juntos.
O branco frio do dentrifício
alimenta minha certeza.
Friday, May 04, 2012
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3 comments:
Um dia também acordei com essa certeza e ela se transformou em decisão: não queria envelhecer junto a quem tivesse sonhos tão distintos dos meus e sequer gostasse firmemente de alguma canção, qualquer que fosse.
Dá pra imaginar a velhice com alguém que não tem nenhuma canção especial no fundo da alma?
É reconfortante saber que "estranhos" interpretam tão bem as nossas vivências através de lúcidos poemas.
Eu estranho o sentimento, estranho... Incomodou-me e comoveu-me o poema. As imagens são, de fato, dilacerantes: "agonizante em carne viva".
Bem, esse poema me disse muito (bisado), como vai dizer a muitas pessoas, obviamente. E é nossa tendência gostar daquilo que nos fala, e aí a visão crítica vai embora. Já li muitos textos de temática, tom e tonalidade semelhantes. Duro, triste e concreto como o branco frio do dentrifício. Ou como a vida. Enfim...
M.
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