Sunday, May 20, 2012

Colmeia


COLMEIA

A casa era uma colmeia
máquina de precisão
labirinto que Escher
não ousara conceber.
A exatidão dos gestos
engessados, engessados.
O imprevisto, a poesia
banidos.

A casa era uma colmeia
Cujo fabrico de mel
há muito se extinguira
Em si mesmo encapsulada,
Ritos rictus rigor mortis
A casa, colmeia
o acaso repudiava.

A casa col
meia
albânia
nem em mapas figurava
mas asséptica altiva
bane a morte rubra
de seus domínios.

A ca
sa col
meia vedava
janelas pregava
portas cortava
o sinal do telefone.


A c
as
a co
lme
ia
exsudava e,
casa de Usher,
às enormes rachaduras
que tentara ocultar,
sucumbe.

2 comments:

Anonymous said...

Pqp, Ev!!! Foi o que me veio agora à mente, enquanto o estômago digere a beleza pungente da desconstrução. Você está se superando e em suas noites engendrando cada vez mais "belezas" poéticas (vá saber o custo disso). Tocante, belo, triste, como os labirintos de Escher, como os labirintos em que nos perdemos sem encontrar a saída. Nossa, fiquei sem saber o que dizer (e olha que isso é um feito e tanto). Obrigada por encantar meu dia com esse domingueiro texto, que não combina com o azul que vislumbro pela janela, mas que não chega à alma como seu texto.

Anonymous said...

Poesia não é placebo! É desterro mesmo.

LuaR