Monday, November 14, 2022

(Faltava falar de) Majorlândia

Há cinco meses fiz aqui postagem relatando minha volta a Iguape, Ceará, para reencontrar o pessoal do coco que eu conhecera há trinta anos e cujo conhecimento foi um dos princípios da minha vida

Falta falar de Majorlândia, que, aliás, conheci antes de Iguape. Uma história que não esqueço e que conto até hoje. Foi assim:

Da cidade histórica de Aracati há estrada para o litoral, que em dado momento se bifurca: pra cima, Canoa Quebrada, pra baixo, Majorlândia. Sempre lado B, escolhi esta última. Levava comigo a Antologia do Folclore Cearense, do Florival Serraine, e só então, no meu quarto da pousada de cama de alvenaria, descubro o artigo de Oswald Barroso sobre os coco de Majorlândia. Ou seja, não escolhi Majorlândia por causa dos cocos (como eu mesmo já me enganei), descobri-os ali, em livro

Saí então para a rua atrás dos cocos. Pergunto a um sujeito na rua, que responde Ah, isso acabou tudo, é coisa dos antigo, não tem mais essas coisa não. Fico arrasado. Mas eis que vem outro sujeito em minha direção, a quem pergunto, já desanimado:

Moço, ainda tem coco por aqui? 

Tem muitcho! Tem ali na casa de fulano de tal, tem ali e acolá!

Radiante, apressado para correr atrás de suas dicas, pergunto ainda:

Obrigado, obrigado! E qual o seu nome?

E ele:

Zé Coco!

Que história. Na mesma noite, conheço o coco do clã de Zé Mendes, conheço seu filho Hugo, repentista e tocador de ganzá. Me encanto com a família que dança em volta da árvore no quintal

Pois faltava voltar a Majorlândia, ainda este ano, trinta anos. Voltei

Hugo em 1992

Hugo Mendes hoje

1 comment:

Renata Dias said...

Essa história merece um take.

E esse blog merece novas e lindas histórias...