O massacre sofrido pelos Xakriabá em fevereiro de 1987, em que três lideranças foram assassinadas, culminou, ao menos, com a demarcação de suas terras, na margem esquerda do São Francisco, lá em cima nos Gerais mineiros.
Embora o território atualmente demarcado e homologado represente apenas 1/3 da sua terra tradicional, não deixa de ser uma vitória, mais ainda quando Xakriabás já ocupam / ocuparam cargos políticos no município de São João das Missões, inclusive o de prefeito.
Mas o genocídio vem de longe. Vivendo no norte de Minas, eles bateram de frente com os bandeirantes, desde o início do século XVIII. E com missionários. E depois com garimpeiros e pecuaristas. Não é pouco. Consta que receberam bem escravos negros fugidos e com eles misturaram-se, numa miscigenação bem mais espontânea e bonita que a idealizada pelo Gilberto Freyre para os portugueses. Digo-o sem idealização.
Quando tracei meu roteiro pelo norte de Minas, incluindo Manga (aqui), Januária (aqui) e o Peruaçu, queria por força conhecer membros da etnia, e o destino se encarregou disso ao fazer com que a minha guia no Parque Nacional Cavernas do Peruaçu fosse a Ivanir, índia xakriabá.
Ela não apenas foi guia competente, dedicada, gentil, como de quebra levou-me depois para a aldeia, onde pernoitei em sua casa. Aí descubro que ela e seu marido Nei são exímios ceramistas, sendo ele ainda estudioso do assunto. E tanto brinco com seus filhos lindos, Ian Sirê e Ianny. Parte da noite passamos comendo monte de pequi. Pra cada um que eu urbanoide comia, todo preocupado com os espinhos, os piás comiam cinco.
O teto da Associação Cultural tem a forma dum cocar |
Escola da aldeia onde Nei leciona |
A borduna pra dar na cabeça do bolsonaro |
A xakriabá linda que encontrei na beira da estrada |
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