Marajó (1947) é o segundo romance de Dalcídio Jurandir, então pela prestigiada José Olympio, que no entanto não tornaria a publicá-lo. Tenho a primeira edição autografada, um tesouro, mas a edição mesmo é recheada de erros.
O romance é recheado de acertos, embora não seja ainda o Dalcídio mais experimental, mais faulkneriano que teríamos vinte anos depois em Primeira Manhã. Mesmo para um regionalismo social de um Graciliano, tem uma carga excessiva de cor local.
A ação da narrativa se dá em Ponta de Pedras, cidade natal do autor que viria a morar em Cachoeira, Cachoeira do Arari, já devidamente imortalizada em Chove nos Campos de Cachoeira.
Chove nos Campos de Cachoeira, que nome mais lindo
Missunga sentiu a voz de Alaíde como se ela falasse do meio do rio, numa embarcação ao sabor da vazante. Aos poucos, algumas cenas de vaqueiragens, as escrituras do pai, Marta acuada no muro do cemitério, as donzelas que seu pai deixava , nos campos e nas beiradas, caídas e abertas como os peixes de Alaíde, despertaram-no confusamente. E deu com o olhar de Alaíde, tão parado, que não entendeu o que havia nele, de triste, um olhar que não se repetiria mais e que logo mudou, como surpreendido ou culpado.
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