Uma das passagens mais bonitas e enigmáticas de toda a obra do Rosa é a do riacho que seca, em "Uma Estória de Amor". Cito de memória:
"O riacho soluço se estancara, sem resto, e talvez para sempre. Secara-se a lagrimal, sua boquinha serrana. Como se um menino sozinho tivesse morrido"
Tenho um enorme mapa político-rodoviário de Minas, com todos os 853 municípios, além de distritos, vilas e povoados. E serras e rios e estradas e mesmo algumas fazendas. Em Três Marias tem Retiro, Patrimônio, Mato Sujo e, claro, Andrequicé. E, pasmem, Barra do Rio de Janeiro, porventura a localidade mais importante de todo o mapa.
Mas não há Pedras.
Pedras existe, a nove quilômetros do de-Janeiro, um povoadozinho muito pequeno em que mal cabem você e sua sombra. Amei tanto que combinei comemorar o próximo aniversário por lá, na única vendinha.
Já tinha a vendinha, a igreja, as casas espalhadas, os cachorros, os poucos viventes, a menina que sugere ao pai vender como açafrão a serragem recém-criada por ele em seu trabalho e teve ainda o Pedro Fonseca, sobrinho do Manuelzão, cuja história escreveu em O Xale de Rosa.
Pedro mora do outro lado do ribeirão, que atravessamos de kombi. Não bastasse isso tudo.
Não bastasse, Pedras está ainda, nominalmente citada, em "Uma Estória de Amor". É lá que vão buscar água depois que o riacho seca ::
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