De todo redundante defender a permanência de Guimarães Rosa no atual panorama das letras brasileiras. Mas a atualidade de "Esses Lopes", décima estória de Tutumaéia, no panorama social, político e, vá, literário brasileiro, é veramente assombrosa.
Senão vejamos.
O conto trata de mocinha de nome Flausina, mas ela nem gosta do nome, queria chamar-se Maria Miss. Assediada, menina ainda, por um Lopes, "má gente, de má paz", ela é enfim estuprada e arrastada para sua companhia. Seus pais nada podem fazer.
Flausina aguenta o repuxo (Ninguém põe ideia nesses casos: de se estar noite inteira em canto de catre, com o volume do outro cercando a gente, rombudo, o cheiro, o ressonar, qualquer um é alheios abusos), mas faz suas tramas e suas beberagens: mata o bruto.
Varri casa, joguei o cisco para rua, depois do enterro.
Depois vêm outros dois Lopes, irmão e primo do brutamontes primeiro. Maria Miss enreda a ponto de colocá-los em duelo mortal. Não sem antes fazer seu pé-de-meia.
Vem o velho, o patriarca e, assegurada de que agora "só muito casada", dá a ele o que ele pedira: "gordas, temperadas comidas, e sem descanso agradadas horas".
O velho morre da morte macaca.
Uma mocinha, uma fraquejada, derrota toda a raça dos Lopes: UM PAI E TRÊS FILHOS.
Hoje vive com seu amor, não quer nem os filhos perto de si (também são Lopes), quer o bom-bocado, quer gente sensível, pois achou o fundo do seu coração.
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1 comment:
Muito bom, que vivam as Maria Miss deste mundo!
~CC~
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