Outro dia achei carta de minha avó para mim, na época em que vivi em Chicago. Estava dentro de envelope de carta da tia, ou seja, a carta da vó era meio que -- delicioso -- apêndice. Delicioso em suas mal traçadas linhas, sua eterna ingenuidade, sua absoluta doçura. Ela dizia que gostava de assistir a filmes da América do Norte (assim dizia) para que pudesse se sentir um pouco mais próxima de mim.
Sigh.
Pensando com ela, minha doce vampira (ver aqui), gosto de assistir a filmes italianos nem que seja para me sentir mais perto da Itália, ouvir o que e como dizem, ver onde moram no bel paese, mesmo e principalmente quando o filme (ainda bem), não se curva à obrigação da cor local.
Assim com Io e Te, o mais recente do Bertolucci. Só sabemos que estão na Sicília por esparsas menções a Catania e ao notório ciúme dos sicilianos, mesmo que, aqui, oriundo de um fedelho de 14 anos.
Já gosto só por estar ali, ouvindo o fedelho exclamar surpreso "Madonna!" e sua irmã complicada, "Maria!". A namorada ao lado se contorce de sorrir.
Então já valeu por estar ali. O filme é bom sem ser ótimo, mais do que esperei. A trilha é ótima, sem ser apenas boa :: The Cure logo no começo, Muse, Arcade Fire, RHCP, Mogol.
Mas o que roubou a cena mesmo foi o Bowie no final. A imagem paralisa nos olhos desfocados do menino que, depois de se entocar, renasce ao descobrir o outro, o amor, um pouco de si mesmo. Afinal, descobrir o outro e o amor é descobrir a si mesmo.
1 comment:
Vou correr pro cinema!
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