Sunday, January 05, 2014

Bowie, Bertolucci, Major Tom



Outro dia achei carta de minha avó para mim, na época em que vivi em Chicago. Estava dentro de envelope de carta da tia, ou seja, a carta da vó era meio que -- delicioso -- apêndice. Delicioso em suas mal traçadas linhas, sua eterna ingenuidade, sua absoluta doçura. Ela dizia que gostava de assistir a filmes da América do Norte (assim dizia) para que pudesse se sentir um pouco mais próxima de mim.

Sigh.

Pensando com ela, minha doce vampira (ver aqui), gosto de assistir a filmes italianos nem que seja para me sentir mais perto da Itália, ouvir o que e como dizem, ver onde moram no bel paese, mesmo e principalmente quando o filme (ainda bem), não se curva à obrigação da cor local.

Assim com Io e Te, o mais recente do Bertolucci. Só sabemos que estão na Sicília por esparsas menções a Catania e ao notório ciúme dos sicilianos, mesmo que, aqui, oriundo de um fedelho de 14 anos.

Já gosto só por estar ali, ouvindo o fedelho exclamar surpreso "Madonna!" e sua irmã complicada, "Maria!". A namorada ao lado se contorce de sorrir.

Então já valeu por estar ali. O filme é bom sem ser ótimo, mais do que esperei. A trilha é ótima, sem ser apenas boa :: The Cure logo no começo, Muse, Arcade Fire, RHCP, Mogol.

Mas o que roubou a cena mesmo foi o Bowie no final. A imagem paralisa nos olhos desfocados do menino que, depois de se entocar, renasce ao descobrir o outro, o amor, um pouco de si mesmo. Afinal, descobrir o outro e o amor é descobrir a si mesmo.
 
 

1 comment:

Unknown said...

Vou correr pro cinema!