Uma coisa puxa outra que puxa a outra e outra
Perdi meu livro do Vikram Seth (aqui). Perdi, apenas perdi, dentro de casa. Li bastante ontem pela manhã, já entrando nos capítulos finais e hoje procurei-o high and low e nada. Chances de que o Dante o tenha enfiado em algum lugar, mas já olhei cantinhos do sofá, embaixo da cama, vão da poltrona, interfonei pros porteiros, liguei pra polícia e nada
Uma tristeza querer ler e não poder. Para compensar, para ficar perto, peguei o grande livro Le Ton beau de Marot, de Douglas Hofstander, que tem dois capítulos inteiros dedicados ao livro do Seth. E aí descubro que aos 16 anos ele ganhou um dos melhores presentes da sua vida: O Cravo Bem-Temperado, do Bach, por Glenn Gould
E aí me lembro que eu tinha esse disco quando morei em Chicago! Eu achava esquisito o Glenn murmurando enquanto tocava. É esquisito, e só pode ser assim para ser ele. Lembro que lá no início, quando Camila e eu nos enfurnávamos nas cidadezinhas da Mantiqueira, a gente ouvia. E eu lia sobre o Glenn. Tanto que um dia ela me recebeu em seu quarto na USP e preparou lanchinho. Com, segundo ela, queijo Goulda.
Este vídeo é sensacional
fecha
as janelas amor deixa apenas
a luz coada das treliças verdes
me vem de blusa branca os cabelos
o rio negro e volumoso que
não há conter :: o rio vasto e negro e sonho
te escorrem pelas costas infinitos
perto da cama larga os teus chinelos
ao lado dos meus deixa que namorem
e se segredem coisas dos seus donos
agora vem e deita e fecha os olhos
para que no escuro te venham cores
que como nunca se repetirá
deita ao lado :: eu te dedilho o clitóris
e o Glenn Gould : sempre ele : dedilha Bach
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