Estrategicamente situada na Miguel de Frias, quase dando para dizer que Praia de Icaraí, a Gruta de Capri foi por muitos anos o principal vértice do triângulo etílico-gastronômico de que também faziam parte o Chalé (bom para empadas e chope em pé) e o Ponto Jovem (bom para sanduíches). A Gruta era boa para as massas e para a pizza, que os habituês pediam com o molho da casa.
Muitos já assistiram a filmes e a shows e concertos na UFF -- confessai! -- mais pensando na pizza que viria depois. Muitos mesmo às vezes só iam ao Maracanã para poder, na volta, descer ali de 703 e pedir a napolitana. Com o molho da casa.
Havia dois ambientes e se o salão ao lado era mais reservado e tinha o garçom mais simpático, o principal nos brindava com o soberbo painel azulejar do Angelo Toledano, sobre o qual já escrevi aqui. Para que televisão se podíamos repousar ali nossas retinas tão fatigadas? O imenso painel era como as pinturas de Nilton Bravo nos botequins: em meio a uma e outra garfada, um e outro gole, o devaneio por entre ipês e castelos e, aqui, pela atmosfera onírica de estalactites e estalagmites. Para que televisão?
A Gruta fechou. Não é pequeno o risco de o imóvel ser vendido ou alugado para mais uma drogaria que irá tapá-lo com as estantes de Rivotril ou simplesmente cobri-lo com mãos de tinta. Seu tombamento, portanto, é tão urgente quanto imperioso.
2 comments:
Estou meio desesperado com o fechamento das casas tradicionais de Niterói. O Steak House foi um duro golpe para os bebuns papa goiaba. Confesso que tive uma experiência muito ruim no Gruta (que não ouso descrever), mas sei da importância da casa.
Vc é o Ricardo do grupo de progressivo? Caramba. Será que a experiência ruim tem a ver com insetos repulsivos? Para por aí!!!!
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