Tabuleiro de Stefan Zweig |
Não são poucas as referências ao xadrez na casa de Stefan Zweig em Petrópolis. Casa onde ele e sua mulher Lotta viveram por apenas cinco meses, de setembro de 1941 a 22 de fevereiro de 1942, quando o casal cosuma seu pacto de morte.
Não poderia ser diferente. Zweig era enxadrista, daqueles diletantes sérios. Dentre seus pouquíssimos objetos pessoais hoje encontrados na casa, seu tabuleiro. Um dos poucos livros seus era justamente um compêndio em que o grão-mestre russo Tartakower comenta 150 partidas do início do século XX. E na casa, que ele chamava de bangalô, escreve seu último texto, a novela "Xadrez".
A história, fascinante, com o mérito já de lidar abertamente com os horrores da guerra e do nazismo no olho mesmo do furacão (algo assim, digamos, como a quinta de Prokofiev e a sétima de Shostakovich) tem personagens soberbamente construídos e uma tensão que lembra O Jogador, do Dostoievski.
Mas queria -- eu que tenho horror à crítica biográfica e não insinuo tal cousa aqui -- era fazer certa analogia. Sabe-se que numa partida de xadrez entre dois jogadores experientes dificilmente haverá xeque-mate. Quando o jogador se vê encurralado, quando ele sabe-se irremediavelmente encurralado, simplesmente abandona o jogo. Daí, em descrições de partidas, ser tão comum o "pretas abandonam" ou "brancas abandonam".
Não foi exatamente o que Stefan e Lotta fizeram?
"Saúdo a todos os meus amigos! Que ainda possam ver a aurora após a longa noite! Eu, demasiado impaciente, vou-me embora antes."
Varanda da casa |
Quintal |
1 comment:
Gosto muito dessa novela do Zweig, uma magnífica leitura para quem quer se iniciar na literatura alemã. Existe uma ótima tradução em português.
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