Sonhei com Borges nesta noite. No sonho, assombrosamente nítido, ele já completamente cego, em algum lugar da serra fluminense (Penedo?). Camila também estava no sonho e no sonho já estivera com ele. Ele me mostrando as coisas, uma espécie de comunidade alternativa. Havia crianças e vacas.
O Borges, doido pela Islândia, na única comunidade finlandesa da América Latina. Certa verossimilhança aqui, pois. Mesmo que hoje restem apenas vagos traços de Finlândia em Penedo, o cego tiraria de letra e logo construiria todo um vasto espaço piranesiano de habitantes de fala difícil.
Conto ao meu pai o sonho, que imediato pergunta que língua falávamos. No que responde de imediato "castelhano", embora eu não tenha menor certeza disso, ele logo emenda ter sido um sonho de qualidade.
"Bem no fundo do sonho estão os sonhos. A cada
noite quero perder-me nas águas obscuras
que me lavam do dia"
De manhã chove muito e no andar de baixo a vizinha toca Satie. Depois que boto o Dante para a escola deito-me no sofá para ler os seus poemas, que eu quisera estivessem em livro de areia.
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