Embora minha mãe me criasse debaixo de sua asa, quando ela estacionava o carro no fim da tarde em frente à Escolinha do Pintor, na Rua Borda do Mato, ela me deixava descer uns 70 metros até o Armazém do Seu Júlio, onde, com moeda de 50 centavos, eu comprava um Alpino.
Era um dos highlights da minha vida
Um dia o armazém pegou fogo. Até hoje me lembro do Guilherme me contando, excitadíssimo, 'O Seu Júlio pegou fogo', tão perfeito ele em suas metonímias, no alto de seus seis anos, no alto de seus óculos
Esse Guilherme foi um dia retirado da Escolinha do Pintor e colocado no São José. Para grande frustração do seu pai, não sei como eu soube disso, e para enorme alegria minha, ele voltou. "Não se adaptou". Aquilo me marcou, então era possível não se adaptar. E voltar.
O Seu Júlio pegou fogo.
Como frequentei a Escolinha do Pintor até 1975, o fogo foi neste ano ou no anterior.
Até hoje o armazém, imponente e linda massa ardecô, continua no mesmíssimo estado, passados 45 anos. A foto é de hoje, rápida fuga em meio à pandemia.
No comments:
Post a Comment