Então esbarro com uma rua que homenageia um dos personagens mais maravilhosos da nossa literatura -- o Riobaldo Tatarana.
Riobaldo tornou-se Tatarana depois, quando assumiu a chefia dos jagunços a tiros: "Ah, eu, meu nome era Tatarana."
Antes, foi Urutú-Branco, batizado por Zé Bebelo, ex-chefe: "Ah, o Urutú-Branco: assim é que você devia de se chamar."
Os nomes não pegam nele, o que o leva a refletir: "por meu tiro me respeitavam, quiseram por apelido em mim: primeiro Cerzidor, depois, Tatarana, lagarta-de-fogo. Mas firme não pegou. Em mim, apelido quase não pegava. Será: eu nunca esbarro pelo quieto, num feitio?"
Mas Riobaldo é o preferido dos companheiros, e também do Joca Ramiro, ainda que ele nunca deixe de ser Riobaldo. Nem poderia, rio baldo que é. Daí: Riobaldo Tatarana.
Mas a rua é Taturana, dirão. Dá no mesmo. "Tatá" ou "tatu", em tupi, significa fogo. Encontramos a palavra também em "Boitatá" / "Mboitatá", personagem de nosso folclore, cobra de fogo.
"Rana", em tupi", é "semelhante a", algo como o "like" em inglês, em "childlike", por exemplo. "Tatarana", pois, é "semelhante a fogo" e passou a designar aquela lagarta peluda que queima um bocado.
O sufixo "rana" Guima já o utilizara ao batizar seu primeiro livro de Sagarana, isto é, "à maneira de uma saga". "Saga" nada tem de tupi, é palavra nórdica, em que se pode reconhecer o verbo inglês "to say". Legal, né?
Ao mesclar tupi com dinamarquês, nosso cordisburguês dava mostras já do que aprontava. E de que aprontava. Mais moderno / eterno, impossível.
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