



Qual Riobaldo, que assim expressava seu amor por Diadorim, tinha eu um mistério que a vida me emprestou. Era uma igreja barroca, com aspectos de muito velha, que eu sempre via da ponte, à direita quando vinha de Niterói, à esquerda quando voltava. Que igreja era aquela? Eu perguntava aos poucos conhecidos que poderiam se interessar por igrejas velhas e nada, ninguém sabia. E como chegar lá, que bairro seria aquele?
Até que há cerca de uns dois anos saiu notinha no Ancelmo Góis sobre uma igreja recém-restaurada. Pronto, só podia ser aquela. Exultei. Mas perdi a nota e com ela a referência e assim o mistério perdurou.
Até que num domingo, folheando meu Guia de Bens Tombados, jóia comprada na feirinha da Praça XV, descubro por acaso. Se é que o "por acaso" cabe para apaziguar um mistério que vinha desde 1993. Não foi "por acaso".
A igreja se chama Bom Jesus da Coluna, está na Ilha do Fundão, mais precisamente no terreno de um quartel. É aberta à visitação, bastando cumprir certo ritual burocrático militar. Mas ninguém se intimide: todos os militares com quem tratei foram solícitos.
Chegar a um local que me instigava há quase vinte anos seria já motivo de júbilo, mas meu espanto aumentou (júbilo = espanto = júbilo) porque não havia "apenas" uma igreja velha, mas também o quartel, que já fora convento franciscano (1719), hospital dos Lázaros (1833) e asilo dos Inválidos da Pátria (1875), que recebeu soldados da Guerra do Paraguai, de Canudos e do Contestado! Cáspite!
O convento-hospital-asilo-hoje-quartel está em estado deplorável, mas gosto assim mesmo. A igreja, restaurada em 2007 e 2008, está um brinco, estalando de linda.
As ilhas sofreram sucessivos aterros e, assim, fundiram-se. A Ilha mesmo se chama Ilha do Bom Jesus da Coluna. Mas se chamava da Caqueirada, quando os primeiros franciscanos por lá pisaram em 1699.
evandro desbravando os lugares mais improvaveis!
ReplyDeleteLindíssima! :D
ReplyDeleteTambém tinha curiosidade e fui visitar este ano mesmo. É uma jóiA !
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